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registro: 16/07/2009
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Último jogo

Emocionante

Um fato real, dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela - um deles de cinco anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro.

Estavam famintos: 'vai trabalhar e não amole', ouvia-se detrás da porta; 'aqui não há nada moleque...', dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças...

Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: 'Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... coitadinhos!

E voltou com uma latinha de leite'.

Que festa!

Ambos se sentaram na calçada.

O menorzinho disse para o de dez anos: 'você é mais velho, tome primeiro...' e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua.

Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta
fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite.

Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: 'Agora é sua vez. Só um pouco.'

E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: 'como está gostoso!'

"Agora eu', diz o mais velho.

E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada. 'Agora você',

'Agora eu', 'Agora você', 'Agora eu'...

E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado,

barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho.

Esse 'agora você', 'agora eu' encheram-me os olhos de lágrimas...

E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário.

O mais velho começou a cantar, a dançar, a jogar futebol com a lata de leite.

Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração trasbordante de alegria.

Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias sem
dar-lhes maior importância.

Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição,

'quem dá é mais feliz do que quem recebe.'

É assim que nós temos de amar.

Sacrificando-nos com tal naturalidade, com tal elegância, com tal discrição,

que os outros nem sequer possam agradecer-nos o serviço que nós lhe prestamos."

(Autor Desconhecido)