Sou uma mulher de 100 anos. Meu coração é fraco. Choro ao ler um poema e ao ver um menino no semáforo. Não tenho mais medo da morte, mas amo muito a vida. Amo tanto que cuido. Amo tanto que guardo nas mãos, como um pintinho indefeso e sem mãe. Amo tanto que rego as minhas flores todos os dias e tento regar as flores dos quintais vizinhos. Sou uma velha sem importância. Tenho vontade de permanecer em silêncio em meio a tantas falas. Não ligo para presentes e conquistas. Os assuntos desse mundo me interessam bem menos que o sorriso de uma criança. Fujo da realidade olhando um voo de borboleta. Sou uma senhora aposentada, não sirvo mais para nada. Tenho a pele fina, os ossos frágeis, os olhos cheios de lágrimas, um sorrisinho nos lábios e o pensamento longe. Tudo em mim se distrai, até a minha identidade. Sou uma velhinha sem forças, mas cheia de sentido no olhar. Sentada, tricotando um cachecol para reaquecer os corações. Pronta para a vida, mas não para o mundo.”
#ClaraBaccarin♥