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registro: 08/11/2008
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Último jogo

nossa

A todas as vozes que desaprenderam preces, ou mesmo que jamais aprenderam. A todas
as solidões individuais ou partilhadas, gritadas, colhidas ou caladas, nos corações e nas
almas. A todas as buscas que levaram a encontros, perdas ou abandonos. A todos os
silêncios de gestos e palavras que encobriram impossibilidade, refúgios, medos ou
ausências. E, principalmente, aqueles que disseram mais do que palavras. A todos os
braços e abraços que acolheram, aqueceram e ampararam, nos momentos em que a perda
já parecia certa e o abandono das forças de luta era aparentemente a única possibilidade
de resposta. Aos sorrisos esboçados ou assumidos que coloriram os rostos e enfeitaram o
mundo. A todas as crianças crescidas e pequenas que viveram momentos de descoberta e
não morreram para o aprender. A todo o Amor que nasceu e morreu, mas que teve seu
espaço de cor, força e brilho nas faces, corações e corpos. A todas as músicas e versos
que os artistas, ou não, exprimiram com suas emoções e nos ajudaram a compreender e
comunicar melhor as nossas. A toda voz ou carícia que não se negou, que ouviu o apelo e
respondeu com sua existência, sua expressão sua proximidade. A todas as orações
desesperadas, suplicantes ou agradecidas. A todos os "becos sem saídas" que deram em
novos caminhos e em outras possibilidades. A todos os desesperos que tiveram a
grandeza de pedir ajuda e dar a enorme descoberta de serem conhecidos na partilha e no
calor de um olhar, talvez perplexo, mas acolhedor. A toda a vida que se omitiu ou ousou,
que se transformou ou paralisou no tempo do medo. A todo o medo que a coragem
permitiu viver, e que a força não deixou que imobilizasse o gesto, e levou aos passos mais
adiante e aos caminhos mais além de antes do ontem. A todos aqueles que, disponíveis
para o novo, o invasivo, o ensaio, percorreram com seus olhos linhas como estas somando
as nossas, as suas vivências, indagações e descobertas e fazendo com isto que
amontoados de palavras se vestissem de significados, dedico esta mensagem como uma
liberdade de aproximação e um enorme desejo de que a busca de cada um não cesse
nunca, seja ela qual for, por mais que mudem as respostas ou que por vezes, nos desanime
a ausência delas. Um brinde aos encontros, que neste espaço de vida, puderam
acontecer...