Lápis e papel na mão?
Vamos lá!
Não sou obrigada a nada
Amo a moda dessa frase. Foi exatamente por repetí-la até cansar, junto com uns ‘miga, sua loka’, que parei para pensar no sentido que ela faz.
Velho, a gente reclama de tanta coisa, que tanta coisa não funciona, que a gente tem que fazer não-sei-quê-lá e que nossa vida está medíocre porque precisamos cumprir esse e aquele compromisso, que a gente não aguenta mais e que somos prisioneiros de uma rotina que…
Badabim da vida, vem uma gíria bobona e te esfrega o óbvio na cara: não temos que nada. Não somos obrigados a nada. Nem eu sou, nem você, que está me lendo da sua caminha gostosa.
Salvo situações muito extremas e horríveis (que não deve ser o caso de quem está aí do outro lado da tela), o que a gente faz é sempre opção.
A gente elege objetivos lindos, mas esses nos pedem determinados caminhos. Essas estradas rumo à felicidade podem ser bem chatinhas, é fato, mas seguí-las é a nossa escolha. Provavelmente porque elas valem a pena de alguma forma.
E quando a gente pensa assim, até sai um peso das costas. Porque, se for refletir bem fundo, dá para abrir mão de qualquer coisa que esteja fazendo a gente aborrecido. Com consequências, com pesos, com cuidados, pode até ser, mas que dá, dá.
E aí que pensando mais, medindo os contras todos… Pode ser que você descubra que não precisa sorrir para quem não te faz feliz. Ou que você não tem que atender aquela pessoa chata. Ou que você não tem que fingir ser quem não é. Ou que.
Tudo é escolha.
Optou por levantar cedo na segunda? Aguentar chefe difícil e reunião tortuosa? Fera, essa foi a sua opção. O foco é ter sempre claro o que você ganha com isso e o quanto essa atitude vale a pena.
Viu como é bom ser dono do próprio destino?
Lição mais preciosa dos últimos tempos: nada de obsessão, carinha.
Eu sempre tive a mania de amar uma coisa só e focar nela, não olhar para o lado.
Era gostar do trabalho e só trabalhar para sempre sem mais. Era gostar de escrever e só triturar os sentimentos em letrinhas para sempre. Era gostar de ser mãe e largar tudo para cozinhar e levar a filha na escola. Não rolava um meio-termo.
Aí o que acontecia: no dia em que esse amor-eterno não rolava legal, eu queria me jogar da ponte, minha vida perdia o sentido e etc.
Não pode, não. O mundo é muito grande e no nosso dia cabe muito. Não tem obsessão que preencha plenamente o nosso peito!
Decidi abraçar todos os meus amores ao mesmo tempo e agora: a dança, os amigos, a casa, a maquiagem, a escrita, o trabalho, a filhota, os treinos, as cervejinhas, o cinema, o teatro, a leitura, o marido… Com toda uma disciplina para não deixar nada nem ninguém de fora.
E sem culpa de largar um para curtir o outro.
Porque no fim, nós temos tão pouco tempo, né? Que a gente tem mais é que viver de uma vez.
E quando uma atividade não sai como o planejado, o dia não acaba. Tem mais um montão de amores para dar certo e salvar as próximas horas.
Tente você também. Tá me fazendo um bem…
A gente sente o que sente, mas só continua sentindo o que quer…
Tem uma frase atribuída a Shakespeare que eu amo: algo como “não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito disso”.
E eu poderia acabar aqui porque é exatamente isso.
Em miúdos, não dou mais audiência para o que vai me fazer mal. Não quero dar. E você também não precisa.
Doeu? Doeu, ai, ui, beijo que eu preciso encher minha cabeça com as outras coisas todas que existem na vida. Ou ceder espaço para elas, como queira.
Quem vê de longe pode dizer que o segundo item da minha listinha de aprendizados, as coisinhas, me deixou bem mais interessante.
Olha, de verdade, não sei se é para tanto. Mas que eu ganhei um kit de primeiros socorros (e de sobrevivência) daqueles, pronto para me salvar nesse terceiro item, não dá para negar, não.
Chega de chororô interminável, ruminar pensamento triste, chega. Tem sempre algo mais legal para fazer.
E você? O que já aprendeu com o tempo